O intervalo pós-morte (IPM) corresponde ao período de tempo entre a ocorrência da morte e o momento em que o corpo é encontrado. Em casos de morte suspeita, a estimativa do IPM tem importância na reconstrução de eventos e de circunstâncias da morte, na conexão do suspeito à cena do crime ou à vítima e no estabelecimento da veracidade das informações fornecidas por testemunhas. O IPM também tem aplicações na área civil, em casos de morte natural, acidental ou suicídio. (Greenberg, 2002). Em uma investigação de assassinato, nos Estados Unidos, onde uma vítima foi sufocada e enterrada em uma cova rasa, foi notada certa discrepância entre o IPM analisado através da entomologia e o de outras evidências. Essa inconsistência de resultados levou-os a estudar carcaças de porcos análogas ao cadáver humano. Eles foram enterrados no mesmo local e aproximadamente no mesmo período onde o corpo foi encontrado no ano anterior, sendo também expostos às mesmas condições que o cadáver. Durante a investigação foi visto que as condições do solo onde ocorreu a exumação e baixa temperatura da estação preservaram as carcaças dos porcos por mais tempo do que o esperado tornando inapropriado o uso apenas de insetos necrófagos para determinar o IPM(Turner, 1999). Muitos fatores são responsáveis pelo nível de decomposição de um cadáver, estando ele acima ou abaixo do solo. Os indivíduos que estavam magros, doentes ou que receberam ferimentos pós-morte se decompõem mais rapidamente. Certos medicamentos (antibióticos), cocaína e toxemia (intoxicação por chumbo) podem muitas vezes prolongar a decomposição, afetando as bactérias responsáveis pelo evento (VASS, 1991). Taxas de temperatura e a situação do solo local, também podem afetar o IPM. Geralmente, quanto mais fundo o corpo é enterrado, menor o nível de decomposição e mais fria a temperatura do corpo (RODRIGUEZ, 1983), tornando a degradação do cadáver mais lenta, entretanto, os derivados produzidos neste processo também afetam a velocidade de decomposição. A decomposição começa com a autólise, primeiramente por enzimas intra e extra-celulares. Posteriormente vem a putrefação e através de ações microbianas e enzimáticas tendem a liquefazer o tecido (JANSSEN, 1971. BHATTY, 1971). Nesse projeto, tem-se em vista analisar o comportamento do solo em relação ao cadáver em decomposição através da respiração do solo, biomassa microbiana e enzimas encontradas no mesmo, para que assim esses aspectos ajudem a determinar o Intervalo Pós Morte (IPM) fazendo com que a análise do crime seja mais precisa.