A entomologia forense consiste na utilização de artrópodes para a elucidação de crimes através do conhecimento de suas características biológicas, tais como ciclo de vida e hábitos comportamentais (OLIVEIRA-COSTA, 2003). Através do estudo destes insetos é possível determinar se houve movimentação da vítima após o óbito; a presença de ferimentos antes ou após a morte; elucidar casos de negligência com idosos ou crianças; determinar a presença de substâncias toxicas no cadáver e estimar o intervalo pós-morte (IPM) (BENECKE, 2005). Intervalo pós-morte consiste no tempo decorrido entre o óbito da vítima e a descoberta do cadáver pelas autoridades, sendo de grande importância em investigações de crime contra a vida ajudando na reconstituição do crime, limitando o número de suspeitos entre outros (AMENDT et al., 2011). Atualmente a entomologia tem sido amplamente empregada para realizar esta estimativa devido grande quantidade de espécies desses seres vivos assim como a variedade de locais em que eles podem ser encontrados e ao fato de serem os primeiros animais a encontrarem o corpo em decomposição, tornando assim a determinação do IPM através deles bastante precisa (JOSEPH et al., 2011). As análises médico-legais envolvendo a entomologia forense têm sido cada vez mais utilizadas devido ao fato de que os imaturos de insetos necrófagos se alimentarem, reproduzirem e completarem seu ciclo de vida exclusivamente no cadáver. Além disso, substâncias tóxicas utilizadas pela vítima antes da morte podem ser ingeridas pelas larvas, o que será apontado nos testes em que as mesmas serão utilizadas, auxiliando principalmente em casos de suicídio por intoxicação (MARTINS et al., 2013). Nesse contexto, a entomotoxicologia forense tem ganhado destaque por destinar-se a avaliação da influência de toxinas no ciclo de vida dos imaturos, além de possibilitar um exame toxicológico confiável quando o cadáver não possui mais tecido ou o mesmo já se encontra em elevado estado de degradação (GAGLIANO-CANDELA; AVENTAGGIATO, 2001). Diversos estudos já apontam a influência e as concentrações de variadas substâncias químicas no desenvolvimento de artrópodes necrófagos que se alimentavam de cadáveres que continham toxinas, geralmente, fármacos ou drogas (CAMPOBASSO et al., 2004; GAGLIANO-CANDELA; AVENTAGGIATO, 2001). No seguinte trabalho será feita uma análise qualitativa de quatro medicamentos analgésicos em imaturos de Chrysomya megacephala (Fabricius, 1794), mosca necrófaga de grande interesse forense na região amazônica (PARALUPPI; CASTELLÓN, 1993) através de CCD – Cromatografia em Camada Delgada, uma técnica de separação de substâncias químicas amplamente utilizada em consequência do seu baixo custo e fácil compreensão (COLLINS; BRAGA; BONATO, 2006); assim como o estudo da interferência desses fármacos no ciclo de vida dessa mosca.