Nos últimos 20 anos, devido ao aumento no consumo de drogas de abuso e destinação dos metabólicos das mesmas ao meio ambiente, principalmente através da urina e fezes humanas, estas passaram a ser reconhecidas como um novo grupo de contaminantes emergentes em águas, isto devido a possibilidade destas apresentarem riscos potenciais a saúde de outros organismos vivos que tenham contato com esta água. Dentre as drogas já encontradas e classificadas como contaminantes emergentes pseudopersistentes, existe o grupo dos cocaínicos correspondentes aos derivados da cocaína, que atualmente é classificada como a terceira droga de maior consumo mundial, segundo o WORLD DRUG REPORT (2012). O segundo aspecto citado apresenta fundamental importância para elaboração de estratégias eficazes para o combate ao narcotráfico, uma vez que a elaboração destas depende da compreensão dos mecanismos de consumo e trafico relacionados a droga, sendo assim, necessário determinar o alcance destas drogas em uma comunidade e os pontos de maior consumo dentro de uma determinada área. Segundo estudos de DAUGHTON (2001) estimar a população consumidora de drogas de abuso é um processo possível de ser realizado atraves da analise de águas de esgoto residencial a partir de estações de tratamento. A análise de cocaína em água demonstra ser uma alternativa viável para estimar a população consumidora desta droga em uma área de estudo de maneira a gerar uma resposta em tempo real das condições de consumo nesta área. Um exemplo do emprego da analise de água para estimar a população consumidora de drogas em tempo real é o Projeto PeQui, que vem sendo desenvolvido em Brasília, no qual é realizada a estimativa da população consumidora de drogas nesta cidade a partir da água de esgoto gerando dados que são constantemente atualizados em relação a esta estimativa. A determinação de cocaína em águas ainda corresponde a um estudo em fase de desenvolvimento, uma vez que, devido a complexidade de amostras de água originada de efluentes ou do esgoto bruto e a baixa concentração de cocaína nestas matrizes, ainda não foi determinado o melhor meio de conservação da amostra e isolamento da cocaína presente nestas. Ainda devido a natureza destas amostras, o tratamento desta requer uma série de passos de extração, purificação e concentração para que se torne possível quantificar a cocaína presente, alem das técnicas de conservação, uma vez que a coleta deste material é feita a partir de um ambiente longe de laboratórios e exposto a diversos aspectos.